data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Luis Fernando Oliveira (Arquivo Pessoal)
Um dos açudes construídos no interior do município de São João do Polêsine
Propriedades rurais do interior da Região Central ganharam pelo menos 100 novos açudes. As novas construções chegam para agregar valor às terras dos agricultores que querem diversificar ou ampliar culturas, como a criação de peixes, gado e hortaliças. Além disso, os reservatórios naturais irão ajudar, e muito, neste período de estiagem.
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A maioria dos açudes foi construída por meio do Programa de Apoio e Ampliação da Infraestrutura Rural, executado pelo governo do Estado em parceria com a Emater. Por meio desta iniciativa, dez cidades foram contempladas.
Conforme o engenheiro agrônomo do escritório regional da Emater, Luis Fernando Oliveira, os trabalhos estão concluídos em Agudo, Ivorá, Nova Palma, Pinhal Grande, São João do Polêsine, Júlio de Castilhos, Silveira Martins e Faxinal do Soturno. Em Dona Francisca, as escavações estão em fase inicial. Formigueiro deve receber os novos açudes até o fim de março. Pelo projeto, são feitos, cerca de dez açudes em cada cidade.
As obras do Programa de Apoio e Ampliação da Infraestrutura Rural começaram em 2017 em mais de cem municípios do Rio Grande do Sul. Porém, a operação no Lote 2, que contempla a Região Central, começou com atraso, devido a entraves licitatórios. Os recursos para as obras advém do Fundo de Recursos Hídricos do Estado e a mão de obra, assim como o maquinário, fica a cargo de uma empresa terceirizada.
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O investimento médio do programa em cada município é de, aproximadamente, R$ 50 mil. A chuva ou as vertentes naturais são as responsáveis por encher o açude depois de pronto.
De acordo com a engenheira agrônoma do Departamento de Infraestrutura Rural do Estado, Anelise Hagemann, os açudes devem auxiliar as pequenas propriedades, que precisam de água para suas lavouras e animais, mas, que, na maioria das vezes, não têm condições de construir reservatórios por conta própria:
- Desde 1979, metade dos anos agrícolas do Rio Grande do Sul tem estiagens, que nem sempre foram tão severas quanto essa. A agricultura representa 10% do PIB do Estado, então, as secas comprometem bastante. Essas obras são uma forma de prevenir mais prejuízos. Água deve ser reservada de forma contínua na Zona Rural.
RESTINGA SÊCA
Outras cidades começaram a construção de açudes com forças alternativas. É o caso de Restinga Sêca. Devido a necessidade imposta pela estiagem e com o apoio do Consórcio de Desenvolvimento Sustentável da Quarta Colônia (Condesus), o município conseguiu uma máquina emprestada do Estado. Desta forma, a prefeitura custeou o óleo diesel e os agricultores pagaram o operador. São 25 novos açudes, de tamanhos variados.
- A iniciativa de fazer os açudes faz parte do projeto Porteira para Dentro, para agregar valor a propriedade dos agricultores interessados em criar peixes ou plantar verduras, por exemplo. Não definimos um tamanho padrão. É de acordo com a necessidade dos proprietários das terras, que participaram de um cadastro junto à Emater - explica Cláudio Roberto Possebom, secretário de Agricultura, Pecuária e Meio-ambiente.
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O agricultor Nilton Machado mora na localidade de Barro Vermelho, no interior de Restinga Sêca. Ele diz que a estrutura construída vai auxiliar na hidratação do gado e contribuir para a irrigação do fumo, milho e outras verduras que planta.
- Numa seca dessa, faz falta não ter um açude ou um bebedor para guardar água - diz.
Os reservatórios agora, dependem da chuva e da vazão das vertentes naturais para encherem e dar o alívio necessário aos agricultores.
RESTRIÇÃO EM FAXINAL
Faxinal do Soturno opera com apenas 30% de armazenamento de água. Com isso, a prefeitura recomenda medidas de racionamento durante a estiagem.
*Colaborou Rafael Favero